Nossas plantas

(publicado originalmente na página de notícias da UFSC)

Espécimes vegetais dos mais distantes confins do planeta estão no catálogo da coleção de plantas do Departamento de Botânica da UFSC, organizado pelos professores João de Deus Medeiros e Aldaléa Sprada Tavares. O guia, que começou a ser organizado há dois anos, servirá também de apoio para professores. “Nem todos são especialistas na área de identificação, e o catálogo é uma contribuição de referência que qualquer pessoa vai poder acessar, baixar, imprimir ou divulgar”, explica João de Deus.

Além de ser utilizada como fonte do catálogo, a coleção também serve para atividades de ensino e projetos de extensão da Universidade, com visitas agendadas. O acervo começou a ser cultivado para auxiliar nas aulas sobre Taxonomia, para identificar corretamente os organismos. “As plantas nativas são encontradas com mais facilidade, mas nós tínhamos uma demanda de material para as aulas práticas, especialmente para aquelas que não ocorrem no Brasil”, diz o professor. Nas disciplinas sobre Taxonomia, os estudantes têm duas aulas teóricas para três práticas – em que coletam o material e fazem análises para determinar o tipo da planta.

No catálogo, as plantas são apresentadas com foto, nome científico, família e local de origem, citando-se também o autor da descrição.  “A ideia é disponibilizar e deixar aberta ao público informação mais sistematizada. A floração das plantas é variável ao longo do ano, e muitas não estarão floridas no horário das visitas.”

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Os passeios – que  demoram de 30 a 60 minutos, com acompanhamento de um professor ou bolsista – mostram várias espécies e seus aspectos mais singulares. “A gente perde mais tempo quando há o interesse em detalhar as particularidades de algum grupo de plantas”, afirma João de Deus. “A curiosidade maior das crianças é com as plantas aquáticas, venenosas e insetívoras; fazem muitas perguntas”. Entre os adultos, um dos maiores interesses são as plantas medicinais.

As parasitas, segundo João de Deus, são outro assunto que chama atenção. “Os leigos, às vezes, têm uma noção distorcida e acham que as plantas que vivem sobre as outras são parasitas. Na verdade, as epifíticas são as que usam as outras como suporte, mas não dependem do hospedeiro, como as parasitas, que sugam a seiva do hospedeiro.”

Um dos pontos de partida do circuito pode ser a Tipuana tipu, árvore frondosa que abriga dezenas de outras variedades. “Nós encontramos facilmente, num pequeno pedaço de um galho, seis ou mais espécies que podem até passar despercebidas, como a menor flor de orquídea, descoberta aqui na UFSC”, revela João de Deus.

O Departamento de Botânica enfrenta, de acordo com o professor, uma dificuldade com as plantas ornamentais devido à circulação de visitantes nos fins de semana. “O problema é que as pessoas não só gostam das plantas como as levam para casa. São senhoras e casais que vêm sem orientação, acham que não estão fazendo mal.” Com os estudantes da UFSC houve apenas um problema mais grave. “Eles vieram de dia, durante a semana, e começaram a cortar um bambuzal para fazer algum tipo de instalação, achando que fosse uma coisa comum, sem saber que era uma espécie rara da Ásia.” A única forma de manter algumas espécies mais raras em segurança é mantê-las na estufa, com cadeado.

Agendamento de visitas e mais informações pelo telefone (48) 3721-9802.

Caetano Machado/Jornalista da Agecom/DGC/UFSC
 

Claudio Borrelli/Revisor de Textos da Agecom/DGC/UFSC

Foto: Tamiris Moraes/Estagiária de Fotografia da Agecom/DGC/UFSC